Durante uma viagem à Argentina, Gregório depara-se
com um mistério que o leva a alterar os planos da sua viagem. Mas o que o
atrai, e que julga ser apenas curiosidade, irá alterar bem mais que o rumo das
suas férias, pois, a partir do momento em que um misterioso artefacto é
depositado nas suas mãos, o futuro de Gregório parece ser do interesse de
demasiados elementos desconhecidos. É que o cilindro está associado a uma
antiga maldição e, ainda que Gregório seja um céptico relativamente ao
sobrenatural, tanto aliados como inimigos estão dispostos a fazer o que for
preciso para que o Escolhido cumpra o seu destino. E a vida normal de Gregório
será completamente abalada, enquanto tenta resolver o enigma de uma maldição
com origem numa civilização (supostamente) inexistente.
Com a acção como elemento predominante ao longo de
toda a narrativa e um conjunto de personagens cujo partido na situação é, por
vezes, difícil de definir, o mais interessante nesta história está na forma
como o autor conjuga os elementos de uma mitologia e crença no sobrenatural que
se torna gradualmente mais evidente com um enredo que tem muitas das
características dos thrillers históricos. A história começa com a descoberta de
um artefacto misterioso, que parece estar destinado ao protagonista há já algum
tempo, e, a partir desse ponto, a sua vida é virada de pernas para o ar. Todas
as suas investigações são acompanhadas de perto por alguém interessado em
interferir, inimigos e aliados estão sob a alçada de sociedades secretas e, a
cada novo passo no sentido de resolver o enigma, há alguém próximo que sofre as
consequências.
O lado inesperado é, portanto, a forma como a magia
evolui ao longo do enredo, começando por ser um elemento estranho e,
aparentemente, evocado pela ilusão de uma experiência traumática, para passar a
ser o ponto fulcral de todos os acontecimentos. Magia que ganha protagonismo ao
mesmo tempo que toda a questão em torno da civilização perdida da Atlântida e
da maldição associada a este continente - e que se terá manifestado, mais
tarde, em outros lugares e por outras razões - vai sendo mais explorada.
Fica, por vezes, a impressão de que certos momentos
poderiam ter sido mais desenvolvidos, quer por algumas soluções demasiado
simples, quer pela contextualização tanto das personagens como das antigas
civilizações e da associação destas à magia, aspectos que poderiam ter sido
mais longamente explorados. A história é, ainda assim, bastante cativante e, à
medida que o enredo evolui para culminar num final algo inesperado, a
curiosidade em saber mais sobre as razões do que se passou e o que se seguirá
depois vai também aumentando. A escrita é também agradável, ainda que bastante
simples, mantendo a envolvência do ritmo de leitura.
Trata-se, em suma, de um livro que conjuga elementos mitológicos e
esotéricos num enredo onde é a acção o elemento dominante, o que resulta numa
história envolvente. Muito é deixado em aberto na conclusão deste livro e há
alguns aspectos que poderiam ter sido mais aprofundados, mas o resultado global
é o de uma história interessante e uma leitura agradável. Gostei, portanto.